
Classificando por extensão eu definiria como longas as tardes e terríveis as madrugadas de uma fase conturbada, que insistiam em seguir sem misericórdia como se fossem eternas. As manhãs eram passivas e surpreendentemente curtas. Conseguia descansar nas poucas horas de um sono matinal breve, mas suficiente para apaziguar toda a amargura acumulada e disfarçar a sensação de fracasso.
Em se tratando de mim, tudo se resume em fracasso. Eu não passo de um puto, egoísta e mesquinho. O fracasso tende a seguir esse padrão de pessoas. Eu mascarava-o e o engolia para interiorizá-lo dentro de mim. Como kronos fazia com seus filhos e como o cão devora sua cria doente. O fracasso é o meu filho feio. E este se agravou motivado por uma seqüência de falhas. A maior: ser um péssimo administrador. O fracasso vem para ficar. É difícil abandoná-lo depois que ele te escolhe. Não existe remédio contra ele e nem uma cura definitiva. O fracasso é um hóspede baderneiro que se recusa a ir embora. É ferida exposta, infestada pelas moscas da incompetência. Até hoje neguinho me critica e me fazem perguntas tolas que me deixam fulo da vida. Eu os amaldiçôo em segredo com mil anos de fracasso ininterruptos por muitas e muitas gerações. Mas que desfrute-o com saúde!








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